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Baixada Santista 2021
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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Projeto Baixada Santista 2021

A Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) terá um amplo diagnóstico de informações para subsidiar o seu crescimento para os próximos dez anos. O estudo inédito faz parte do projeto Baixada Santista 2021 Os desafios para a próxima década.

A iniciativa é do Instituto Metropolitano de Pesquisas Acadêmicas e Consultoria Técnico-Operacional (Impacto), desenvolvido em conjunto com as nove prefeituras da região, a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) e 16 instituições de ensino superior parceiras.

O projeto prevê a realização de pesquisas de opinião pública pelo Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT) nas seguintes áreas: Saúde, Trabalho, Educação, Habitação, Segurança, Mobilidade Urbana e Meio Ambiente. Emprego, o primeiro tema, já foi o foco de pesquisa divulgada no último dia 1º.  Também estão previstos relatórios analíticos com levantamento de dados e projeções estatísticas elaborados pela Consultoria R Amaral Associados. Em todas as etapas serão promovidos simpósios para a discussão dos resultados com especialistas da área, professores universitários e autoridades públicas.

"É uma importante contribuição que oferecemos para que a região possa superar os grandes desafios previstos durante esse processo de crescimento previsto para os próximos anos. Um trabalho que integra as universidades, o poder público, a imprensa e a iniciativa privada em uma ação organizada para que a Baixada se desenvolva com sustentabilidade e qualidade de vida", diz Paulo Alexandre Barbosa, presidente do Instituto Impacto.

Para o diretor-executivo da Agem, Marcos Aurélio Adegas, o projeto é estratégico para o planejamento das prefeituras, pois dará subsídios para apontar as ações que devem ser priorizadas pelos governantes. O mesmo posicionamento foi defendido pelo diretor-presidente de A Tribuna, Marcos Clemente Santini, que destacou o papel dos meios de comunicação para fomentar as discussões que envolvem o futuro de uma região estratégica para o Estado de São Paulo e para o País.

Fonte: Jornal A Tribuna e Instituto Impacto (Caderno Especial Trabalho)

"Vamos lançar o Via Rápida Emprego para capacitar mão de obra na região"



Paulo Alexandre Barbosa, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, está otimista com o futuro da região e cheio de planos para capacitar mão de obra principalmente de quem não tem qualificação nem condições financeiras para participar de um curso técnico. Muitas vezes, falta dinheiro para o sustento e para a condução. Barbosa anunciou a criação do Via Rápida Emprego na Baixada Santista e de uma Escola Técnica na Zona Noroeste. "A Baixada Santista é uma das regiões mais promissoras do País para se investir e viver". Nesta entrevista, ele conta o que espera para os próximos dez anos.

A Tribuna - Quase sete em cada 10 trabalhadores da Baixada Santista, entrevistados pelo IPAT para o projeto coordenado pelo Instituto Impacto, disseram que estão otimistas com o futuro do mercado de trabalho na região para os próximos anos. No entanto, mais da metade admite despreparo para disputar as vagas que serão abertas. O que o Governo do Estado está fazendo para superar o desafio da qualificação?


Secretário Paulo Alexandre Barbosa – O primeiro passo é compreender que esse desafio da qualificação não é apenas do Estado. A exigência de mão de obra capacitada é imprescindível para atender a demanda das empresas, mas também dos municípios, do estado e do país,que precisam de técnicos habilitados para promover o desenvolvimento sustentável.

AT – Existe risco de faltar mão de obra?

Paulo Alexandre – Mão de obra disponível existe. O problema está na qualificação. Na Baixada são inúmeros os casos de vagas que deixaram de ser preenchidas porque a empresa não encontrou profissional qualificado. Uma situação que ocorre em segmentos de alta especialização, como o da Tecnologia da Informação, e até na construção civil, setor que encontra grandes dificuldades para contratar pedreiros e carpinteiros.

AT – O problema da qualificação se restringe à Baixada?

Paulo Alexandre Barbosa – Não é um fenômeno local. Temos regiões do país que já vivem o “apagão profissional”.Diante da falta de técnicos qualificados, há empresas que recorrem à importação de trabalhadores, algo prejudicial à Baixada, que tem um grande número de desempregados,especialmente de jovens na faixa etária de 18 a 24 anos. 

AT – Diante desse quadro, o senhor teme que o otimismo possa se transformar em frustração se essas vagas forem preenchidas por pessoas de fora da região?

Paulo Alexandre Barbosa – O otimismo é importante, pois motiva as pessoas a buscarem a qualificação. O papel do poder público é  se unir à iniciativa privada para ampliar a qualificação. As universidades locais criaram vários cursos na área de petróleo e gás. As Etecs e Fatecs do Centro Paula Souza também oferecem cursos técnicos, tecnológicos e profissionalizantes conforme a vocação econômica da região.  O nosso esforço será de garantir matrículas em número suficiente para atender a grande demanda que existe na Baixada.

AT – Como será feita essa ampliação? 

Paulo Alexandre Barbosa – A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, por intermédio do Centro Paula Souza, aumentou em 122% o número de matrículas nas Etecs e em163% nas Fatecs no Estado. Tudo isso em pouco mais de três anos. Até o final do ano teremos 274 mil alunos estudando em cursos que hoje são considerados os melhores do país. Nove em cada 10 profissionais formados no Paula Souza conseguem emprego ainda no primeiro ano de diplomação. Para este ano, iremos abrir novas unidades e cursos em várias regiões do Estado.  



AT – Existe previsão de novas unidades para a Baixada?

Paulo Alexandre Barbosa – Sim. A Baixada está contemplada com a implantação de novos cursos técnicos e tecnológicos. Temos ainda projetos para mais escolas técnicas. Santos, por exemplo, terá uma Etec na Zona Noroeste. Será a primeira unidade nessa região, que desde o ano passado já conta com três cursos técnicos oferecidos na Escola Zulmira Campos. Estamos avaliando a criação de salas descentralizadas em espaço scedidos pela Secretaria de Estado da Educação.

AT – Os prefeitos da região já procuraram o senhor para discutir essa ampliação?


Paulo Alexandre Barbosa– Praticamente todos os prefeitos da região já manifestaram o interesse em realizar parcerias para levar os cursos do Paula Souza para as suas cidades. Os empresários também estão muito interessados em celebrar convênios com a secretaria. É o caso da construção civil. Algumas propostas poderão ser implementadas ainda este ano.

AT – E como fica a situação dos desempregados que precisam urgentemente de capacitação, mas  não conseguem se matricular nas Etecs diante da forte concorrência pelas vagas disponíveis? 

Paulo Alexandre Barbosa – Para essas pessoas, a secretaria desenvolveu o projeto Via Rápida, que será lançado ainda neste semestre pelo governador Geraldo Alckmin, um dos maiores entusiastas dessa iniciativa. O programa irá oferecer capacitações básicas e rápidas, com média de um a três meses de duração, em unidades fixas.  A prioridade será agilizar e facilitar a inserção do desempregado no mercado de trabalho. Os cursos também serão oferecidos em carretas móveis estruturadas com laboratórios e espaços adequados para a qualificação do trabalhador. A execução do programa será feita pelo Centro Paula Souza, Senai, Senac, entre outras instituições que serão contratadas pelo Estado.

AT – Haverá algum tipo de preferência para o preenchimento das vagas do Via Rápida?
Paulo Alexandre Barbosa – O Via Rápida dará preferência às pessoas em situação de maior vulnerabilidade social,como as que são atendidas pelos programas estaduais Renda Cidadã e Ação Jovem. O objetivo é oferecer meios para que essas pessoas possam se capacitar e assim conseguir um emprego que permita obter o próprio sustento, sem ficar na eterna dependência de benefícios sociais. 

AT – Quais serão os critérios para a escolha das  pessoas que serão capacitadas pelo Via Rápida?
Paulo Alexandre Barbosa  – Diferente de como ocorre nas Etecs e Fatecs, as vagas do Via Rápida não serão preenchidas por vestibulinho, mas por meio de uma simples inscrição. Sabemos que muitos dos candidatos a essas vagas têm baixa escolaridade e encontram maiores dificuldades para conseguir empregos mais qualificados. A capacitação profissional será a grande oportunidade para mudar vida dessas pessoas. E o trabalho é, sem dúvida, o grande agente de transformação social.

AT – Mas muitos desempregados não têm dinheiro nem para pagar uma passagem de ônibus ...

Paulo Alexandre Barbosa  – Sabemos que a maior preocupação de quem perdeu o emprego é garantir a sua sobrevivência e o sustento da família. Diante dessa realidade, os desempregados receberão auxílio-deslocamento e bolsa-auxílio de R$ 330 durante o período do curso. Todos os alunos ganharão material didático, bolsa e uniforme. É uma maneira de motivá-los a participar da capacitação e, ao mesmo tempo,  mantê-los nos cursos, evitando o abandono do curso.

AT – A Baixada está contemplada pelo Via Rápida?
Paulo Alexandre Barbosa – Sim. A Baixada será uma das regiões beneficiadas pelo programa. O local onde irá funcionar a unidade será anunciado diretamente pelo governador. O que podemos adiantar é que o Via Rápida da região atuará na capacitação da mão de obra nas áreas da construção civil, portuária e de petróleo e gás.  

AT – Há outros projetos voltados à qualificação profissional?

Paulo Alexandre Barbosa – Outra ação que iremos desenvolver será levar o Via Rápida para todos os restaurantes populares do Bom Prato. Vamos aproveitar a estrutura existente e capacitar profissionais para a área de alimentação. Os cursos serão oferecidos após o término do período de refeição. Na Baixada, teremos capacitação em Santos e São Vicente. E futuramente no Bom Prato da Zona Noroeste, que será a segunda unidade santista.

AT – Já existe previsão de início dos cursos?

Paulo Alexandre Barbosa – A previsão é que as primeiras turmas comecem em julho. Entre os cursos que serão oferecidos estão o de ajudante de cozinha, cozinha industrial, culinária básica, panificação artesanal, confeitaria básica, pizzaiolo e manipulação e higienização de alimentos.

AT – Também haverá incentivos aos alunos dos cursos no Bom Prato?

Paulo Alexandre Barbosa – Assim como ocorrerá nas unidades fixas do Via Rápida, os desempregados matriculados nos cursos também receberão bolsa-auxílio para se capacitar. Iremos ainda promover parcerias com a iniciativa privada para que os profissionais formados no Bom Prato sejam aproveitados na contratação de empresas. Com a realização da Copa do Mundo no Brasil haverá uma grande demanda de profissionais na área de alimentação e hotelaria. E a Baixada terá um incremento muito forte na atividade turística.

AT – O senhor está confiante de que a área de petróleo e gás gere cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos na região?

Paulo Alexandre Barbosa – Mais importante do que saber quantos empregos serão gerados é ter a consciência do perfil desses empregos e as exigências do mercado para o preenchimento das vagas. A pesquisa do IPAT revelou que grande parte dos entrevistados desconhece as profissões mais visadas. São inúmeras atividades profissionais e econômicas que serão beneficiadas pela cadeia produtiva do petróleo e pela expansão da atividade portuária.

AT – E o que está sendo feito para reverte esse quadro de desinformação?

Paulo Alexandre Barbosa – Uma das nossas primeiras ações foi verificar as demandas do setor para poder atendê-lo com cursos direcionados. Foi feito um amplo diagnóstico pela Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo – Cespeg, em uma discussão que envolveu os empresários, as prefeituras, universidades e instituições parceiras. Agora, o Centro Paula Souza, com base nesse relatório, desenvolve os projetos dos cursos do Via Rápida, Etecs e Fatecs.

AT – O  risco de importação de mão de obra está totalmente afastado?

Paulo Alexandre Barbosa – Constitucionalmente, não há meios de obrigar a contratação de moradores apenas da Baixada. Agora, se  o empresário encontrar profissionais qualificados por aqui, não se sentirá estimulado a buscar trabalhadores em outras regiões.  O importante, no momento, é focar em capacitações que supram as necessidades das empresas que vão se instalar no vácuo da Petrobras. Aliás, muitas já montaram base na Baixada e estão contratando trabalhadores locais.

AT – Quais são as atividades que podem gerar mais empregos na região?

Paulo Alexandre Barbosa – O rol de investimentos é muito amplo. Uma das atribuições da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia é fomentar a pesquisa e a inovação tecnológica para as demandas das indústrias fornecedoras de bens, materiais, peças, máquinas e equipamentos dessa cadeia produtiva. O Parque Tecnológico de Santos, que tem a Petrobras e a Usiminas como empresas-âncora, vai atrair investimentos e gerar novas empresas intensivas em conhecimento ou de base tecnológica. O projeto está vinculado a nossa secretaria, em parceria com a prefeitura e diversos parceiros. Será um dos mais importantes empreendimentos para a geração de oportunidades de emprego. É uma iniciativa estratégica para o desafio de transformar conhecimento em riqueza.

AT – Os empresários da região também serão capacitados?  

Paulo Alexandre Barbosa – Os empresários da região já estão se preparando para aproveitar as oportunidades de negócios que estão surgindo com a cadeia produtiva do petróleo. Houve um grande avanço com as reuniões organizadas pelo Prominp (Programa  de Mobilização  da Indústria de Petróleo  e Gás). Eles estão se capacitando para atuar como prestadores de serviços e fornecedores das empresas do setor. O mesmo ocorre no  setor hoteleiro, no comércio varejista, na construção civil e nos bares e restaurantes. Basta andar pelas ruas para observar o grande número de investimentos que sendo realizados.

AT – Podemos dizer que já vivemos a era do Pré-Sal ?

Paulo Alexandre Barbosa – A era do Pré-Sal já começou e avança rapidamente. Há, porém, a necessidade de se ampliar essa mobilização empresarial. É um erro pensar que só o trabalhador precisa se qualificar. A região vai receber empresários de outras regiões que vão competir diretamente e com muita força com os locais. Quem não estiver devidamente orientado e capacitado ficará em desvantagem nessa concorrência.

AT – O Governo do Estado poderá ajudar os empresários que queiram se capacitar?

Paulo Alexandre Barbosa – Temos uma  proposta de criar unidades de orientação empresarial, para mostrar as oportunidades que serão criadas não apenas pela cadeia produtiva do petróleo, mas também pelo desenvolvimento econômico da região. É um projeto ainda em estudo e que pretendemos discutir com as entidades empresariais, universidades e o Sebrae, para verificar a melhor maneira de viabilizá-lo.

AT - Para finalizar, que mensagem o senhor gostaria de deixar?

Paulo Alexandre Barbosa  – É preciso ter a consciência que a Baixada passa por um dos seus melhores momentos. A Baixada Santista é  uma das regiões mais promissoras do país para se investir e viver. As oportunidades sempre  dão um jeito de aparecer na vida daqueles  que acreditam e trabalham para um dia poder  encontrá-las.

Entrevista publicada no jornal A Tribuna (Caderno Especial Emprego - 20/5/2011)

Uma dose extra de reforço escolar

A formação técnica aliada ao complemento curricular é o desafio imediato dos estabelecimentos de ensino da região. As instituições de ensino da rede pública e privada que vão preparar a juventude da região para atuar no mercado de petróleo e gás e na cadeia de negócios precisam reforçar os conhecimentos gerais do alunado das escolas públicas provenientes do processo de municipalização. As avaliações da qualidade de ensino feitas anualmente pelo Poder Público apontam índices insatisfatórios, com alunos despreparados para ler e compreender um texto ou para fazer um simples raciocínio lógico nas ciências exatas. O problema maior reside no ensino médio, quando o aluno está prestes aingressar no mercado de trabalho, no ensino técnico ou na graduação.



Muitos reconhecem suas deficiências, tanto é que a pesquisa do IPAT sobre mercado de trabalho atestou essa realidade em duas situações:39,8% dos entrevistados disseram que a principal dificuldade para conseguir um emprego é a falta de qualificaçãoprofissional;51,3% nãos e consideram preparados para ingressar no mercado de petróleo e gás e 69,1% sentem-se despreparados para disputar a vaga de emprego neste segmento.

MUNICIPALIZAÇÃO
A opção do Governo Federal, em 1996, de criar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef, hoje Fundeb), garantiu uma remuneração mínima por aluno no Ensino Fundamental (atualmente, com o Fundeb engloba da creche ao Ensino Médio) e provocou uma correria na ampliação de matrículas por parte das autoridades municipais. Isso porque os municípios colocam receitas de impostos nesse fundo e a única maneira de reaver o valor é provando o número de alunos matriculados. Nesse período, centenas de municípios brasileiros promoveram concursos públicos para admissão de professores, porém uma série deles despreparados para o exercício da profissão.


A Baixada Santista é exemplo da expansão da rede pública municipal. Em 2001, início do Fundef, os nove municípios somavam 114.209 alunos, ou 54,43% das matrículas no Ensino Fundamental, enquanto na rede estadual eram 95.617,ou 45,57% dos alunos. Dez anos depois, em 2010, a balança pesou ainda mais em favor dos municípios, que totalizaram 144.174, ou 69,83% das matrículas ­ um incremento de 29.965 alunos ­ e o Estado apenas com 62.286, ou 30,17% do total. Na última década, o Estado perdeu para o município 33.331alunos. No decorrer da última década, além da corrida pela contratação de professores, de modo geral, as salas da rede municipal ficaram mais cheias que as da rede estadual, portanto, com uma dificuldade ainda maior para os professores de lecionar. Mas é claro que não se pode culpar, isoladamente, os professores pelo fracasso escolar.

Estudiosos no assunto apontam uma série de fatores, entre eles, a baixa remuneração, a orientação das famílias, o descompasso entre os recursos utilizados na sala de aula e a alta tecnologia disponível. O fato é que a situação ocorre e Poder Público e educadores de modo geral precisam ficar atentos e buscar formas de recuperar essa geração, pois o mercado, cada vez mais profissional, não tem tempo para esperar, nem ensinar o que deveria ter sido aprendido nos bancos escolares. O economista José Roberto dos Santos, que coordenou a Comissão de Petróleo e Gás do Governo de SP até o fim do ano passado, é categórico ao dizer que quem não souber falar inglês está fora do mercado de petróleo e gás. Seja neste setor ou nos promissores, como a cadeia de prestação de serviços, hotelaria, gastronomia, enfim, o mercado é competitivo e a tendência é que fique ainda mais. Portanto, o desafio é ser cada vez mais qualificado.

VERÔNICA MENDRONA
COLABORADORA

Mais profissionalismo na nova década



Os negócios envolvendo a era do pré-sal e a somas de investimentos que devem circular na Região Metropolitana da Baixada Santista, nos próximos dez anos, vão exigir maior firmeza e determinação de patrões, empregados e profissionais liberais que atuam na região. O desafio também caberá ao Poder Público, seja nas tomadas de decisões de natureza administrativa e tributária, ou na própria capacidade de enxergar oportunidades no contexto dos temas macroeconômicos em discussão no País.

Ao final do ano passado, a região somava 66.041 empregadores, distribuídos entre os seus nove municípios. Este universo correspondia à relação de um empregador para 5,5 empregados do mercado formal. Embora a atividade de serviços seja preponderante no mercado regional em nível superior às taxas registradas em âmbito estadual e federal (50,47%, contra 37,70% e 32,53%, respectivamente), as possibilidades de novos negócios devem surgir em diversos setores econômicos.

Estudos técnicos encomendados pelo Governo do Estado de São Paulo para definir ações estratégicas para o Litoral Paulista indicam que, até 2025, os investimentos nesta região podem alcançar a marca de R$ 209 bilhões. Deste total, cerca de 75% (ou R$ 157 bilhões), segundo a empresa Arcadis Tetraplan, responsável pelo estudo, serão gerados a partir das atividades de petróleo e dependem diretamente da Petrobras. O impulso econômico do pré-sal, porém, vai se somar a uma série de outros negócios em curso na área portuária; de logística; e a tantos outros setores produtivos que já vivenciam os reflexos desta nova fase como é o caso da construção civil e mercado imobiliário.

ESCOLA DE NEGÓCIOS
Apesar da região ter desper- tado para a necessidade de formação técnica e profissional de apoio aos negócios de petróleo, pouco se tem discutido no contexto da preparação empresarial, por meio de escolas de negócios. O amplo campo de atividades desenvolvidas na região, aliás, enseja a produção de estudos públicos regionais para identificação onde há ociosidade de investimentos e onde ocorre a concentração demasiada de negócios.


Os cadastros municipais podem ser utilizados nesta tarefa, inclusive como auxílio às empresas privadas que preparam planos de negócios para expansão ou diversificação de atividades. Dados do Banco Central do Brasil apontavam, ao final do ano passado, uma capacidade regional de poupança da ordem de R$ 9 bilhões, com um crescimento real de 40,20%, nos últimos dez anos. Este perfil de poupança aponta uma excelente capacidade de consumo, de modo que a preparação empresarial em escolas de negócios pode colaborar com técnicas de atração de consumidores. O consumo regional, na última década, exibiu uma evolução real de 116,74%, ratificando a disposição de compras na região.

O aumento dos níveis de produção de petróleo gerado pela exploração dos poços envolvidos no pré-sal vai provocar a recíproca necessidade de expansão do refino e esta atividade precisa ser ampliada na região. A Petrobras já superou o nível de 90% da sua capacidade nacional de refino de petróleo e também vai expandir seus investimentos neste setor, de modo que é imprescindível às autoridades regionais lutarem para ampliar o potencial da Refinaria Presidente Bernardes(RPBC), em Cubatão.

Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) revelam que a RPBC, nos últimos dez anos, respondeu por 20,83% do refino realizado nas cinco unidades instaladas no Estado de São Paulo, ou por 9,22% do total nacional. Caso as projeções de produção de petróleo feitas para o período do pré-sal sejam efetivadas, a capacidade nacional de refino precisará ser duplicada, e sairá ganhando financeiramente a localizada que dispuser de maior nível de produção. Nos últimos anos, a Petrobras expandiu a capacidade de refino da Replan, de Paulínia; e da Revap, em São José dos Campos, mas as outras três unidades paulistas (RPBC, de Cubatão; Recap, de Mauá; e Univen, de Itupeva) mantiveram seu nível de refino inalterados.

A Refinaria Presidente Bernardes, no tocante à produção de derivados de petróleo, também nos últimos dez anos, apresentou uma performance equivalente a 19,44% do total estadual (ou 550.214.174 barris), correspondente a 8,60% do volume nacional. Outra preocupação regional deve se concentrar na capacidade de armazenagem de petróleo. Em termos de petróleo, o Estado de São Paulo responde por 32,84% desta disponibilidade, enquanto no aspecto de derivados esta capacidade evolui para 47,24%. A unidade da RPBC registra uma capacidade nacional de armazenagem de 7,52% (ou 22,91% no Estado) e, para derivados, de 7,96% (16,85% no Estado) e a região pode melhorar este patamar.

RODOLFO AMARAL
COLABORADOR

"Podemos nos tornar um polo de tecnologia"

O projeto Baixada Santista 2021­ "Os desafios para a próxima década" pretende trazer à tona as discussões, bem como identificar as perspectivas e os desafios para a Região Metropolitana da Baixada Santista para a próxima década. Todo ciclo econômico é uma oportunidade dada durante um tempo determinado. Devemos aproveitá-lo em todas as suas oportunidades,mas de forma sustentada.


Neste momento, o maior legado para o futuro regional seria o desenvolvimento tecnológico. A partir da vocação litorânea e dos investimentos: no porto, na exploração do petróleo da Bacia de Santos, na expansão da indústria e no turismo, podemos nos tornar um polo de tecnologia, nas mais diversas áreas, garantindo assim o desenvolvimento sustentado.

Já na década de 70, o economista Peter Drucker dizia: "...o desenvolvimento dos oceanos está prestes a ser conduzido sistematicamente como o maior recurso econômico possível de ser encontrado neste planeta. Com ele advirão novos suprimentos de alimentos e matérias-primas. Com ele surgirão novas tecnologias, novas indústrias importantes e, logicamente, empresas totalmente novas".

ROGÉRIO SANTOS, DIRETOR-EXECUTIVO DO INSTITUTO IMPACTO

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