Redes Sociais

Siga o projeto

Arquivos do blog

Perfil

Baixada Santista 2021
Ver meu perfil completo

Seguidores

Tecnologia do Blogger.
sexta-feira, 27 de maio de 2011

"Vamos lançar o Via Rápida Emprego para capacitar mão de obra na região"



Paulo Alexandre Barbosa, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, está otimista com o futuro da região e cheio de planos para capacitar mão de obra principalmente de quem não tem qualificação nem condições financeiras para participar de um curso técnico. Muitas vezes, falta dinheiro para o sustento e para a condução. Barbosa anunciou a criação do Via Rápida Emprego na Baixada Santista e de uma Escola Técnica na Zona Noroeste. "A Baixada Santista é uma das regiões mais promissoras do País para se investir e viver". Nesta entrevista, ele conta o que espera para os próximos dez anos.

A Tribuna - Quase sete em cada 10 trabalhadores da Baixada Santista, entrevistados pelo IPAT para o projeto coordenado pelo Instituto Impacto, disseram que estão otimistas com o futuro do mercado de trabalho na região para os próximos anos. No entanto, mais da metade admite despreparo para disputar as vagas que serão abertas. O que o Governo do Estado está fazendo para superar o desafio da qualificação?


Secretário Paulo Alexandre Barbosa – O primeiro passo é compreender que esse desafio da qualificação não é apenas do Estado. A exigência de mão de obra capacitada é imprescindível para atender a demanda das empresas, mas também dos municípios, do estado e do país,que precisam de técnicos habilitados para promover o desenvolvimento sustentável.

AT – Existe risco de faltar mão de obra?

Paulo Alexandre – Mão de obra disponível existe. O problema está na qualificação. Na Baixada são inúmeros os casos de vagas que deixaram de ser preenchidas porque a empresa não encontrou profissional qualificado. Uma situação que ocorre em segmentos de alta especialização, como o da Tecnologia da Informação, e até na construção civil, setor que encontra grandes dificuldades para contratar pedreiros e carpinteiros.

AT – O problema da qualificação se restringe à Baixada?

Paulo Alexandre Barbosa – Não é um fenômeno local. Temos regiões do país que já vivem o “apagão profissional”.Diante da falta de técnicos qualificados, há empresas que recorrem à importação de trabalhadores, algo prejudicial à Baixada, que tem um grande número de desempregados,especialmente de jovens na faixa etária de 18 a 24 anos. 

AT – Diante desse quadro, o senhor teme que o otimismo possa se transformar em frustração se essas vagas forem preenchidas por pessoas de fora da região?

Paulo Alexandre Barbosa – O otimismo é importante, pois motiva as pessoas a buscarem a qualificação. O papel do poder público é  se unir à iniciativa privada para ampliar a qualificação. As universidades locais criaram vários cursos na área de petróleo e gás. As Etecs e Fatecs do Centro Paula Souza também oferecem cursos técnicos, tecnológicos e profissionalizantes conforme a vocação econômica da região.  O nosso esforço será de garantir matrículas em número suficiente para atender a grande demanda que existe na Baixada.

AT – Como será feita essa ampliação? 

Paulo Alexandre Barbosa – A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, por intermédio do Centro Paula Souza, aumentou em 122% o número de matrículas nas Etecs e em163% nas Fatecs no Estado. Tudo isso em pouco mais de três anos. Até o final do ano teremos 274 mil alunos estudando em cursos que hoje são considerados os melhores do país. Nove em cada 10 profissionais formados no Paula Souza conseguem emprego ainda no primeiro ano de diplomação. Para este ano, iremos abrir novas unidades e cursos em várias regiões do Estado.  



AT – Existe previsão de novas unidades para a Baixada?

Paulo Alexandre Barbosa – Sim. A Baixada está contemplada com a implantação de novos cursos técnicos e tecnológicos. Temos ainda projetos para mais escolas técnicas. Santos, por exemplo, terá uma Etec na Zona Noroeste. Será a primeira unidade nessa região, que desde o ano passado já conta com três cursos técnicos oferecidos na Escola Zulmira Campos. Estamos avaliando a criação de salas descentralizadas em espaço scedidos pela Secretaria de Estado da Educação.

AT – Os prefeitos da região já procuraram o senhor para discutir essa ampliação?


Paulo Alexandre Barbosa– Praticamente todos os prefeitos da região já manifestaram o interesse em realizar parcerias para levar os cursos do Paula Souza para as suas cidades. Os empresários também estão muito interessados em celebrar convênios com a secretaria. É o caso da construção civil. Algumas propostas poderão ser implementadas ainda este ano.

AT – E como fica a situação dos desempregados que precisam urgentemente de capacitação, mas  não conseguem se matricular nas Etecs diante da forte concorrência pelas vagas disponíveis? 

Paulo Alexandre Barbosa – Para essas pessoas, a secretaria desenvolveu o projeto Via Rápida, que será lançado ainda neste semestre pelo governador Geraldo Alckmin, um dos maiores entusiastas dessa iniciativa. O programa irá oferecer capacitações básicas e rápidas, com média de um a três meses de duração, em unidades fixas.  A prioridade será agilizar e facilitar a inserção do desempregado no mercado de trabalho. Os cursos também serão oferecidos em carretas móveis estruturadas com laboratórios e espaços adequados para a qualificação do trabalhador. A execução do programa será feita pelo Centro Paula Souza, Senai, Senac, entre outras instituições que serão contratadas pelo Estado.

AT – Haverá algum tipo de preferência para o preenchimento das vagas do Via Rápida?
Paulo Alexandre Barbosa – O Via Rápida dará preferência às pessoas em situação de maior vulnerabilidade social,como as que são atendidas pelos programas estaduais Renda Cidadã e Ação Jovem. O objetivo é oferecer meios para que essas pessoas possam se capacitar e assim conseguir um emprego que permita obter o próprio sustento, sem ficar na eterna dependência de benefícios sociais. 

AT – Quais serão os critérios para a escolha das  pessoas que serão capacitadas pelo Via Rápida?
Paulo Alexandre Barbosa  – Diferente de como ocorre nas Etecs e Fatecs, as vagas do Via Rápida não serão preenchidas por vestibulinho, mas por meio de uma simples inscrição. Sabemos que muitos dos candidatos a essas vagas têm baixa escolaridade e encontram maiores dificuldades para conseguir empregos mais qualificados. A capacitação profissional será a grande oportunidade para mudar vida dessas pessoas. E o trabalho é, sem dúvida, o grande agente de transformação social.

AT – Mas muitos desempregados não têm dinheiro nem para pagar uma passagem de ônibus ...

Paulo Alexandre Barbosa  – Sabemos que a maior preocupação de quem perdeu o emprego é garantir a sua sobrevivência e o sustento da família. Diante dessa realidade, os desempregados receberão auxílio-deslocamento e bolsa-auxílio de R$ 330 durante o período do curso. Todos os alunos ganharão material didático, bolsa e uniforme. É uma maneira de motivá-los a participar da capacitação e, ao mesmo tempo,  mantê-los nos cursos, evitando o abandono do curso.

AT – A Baixada está contemplada pelo Via Rápida?
Paulo Alexandre Barbosa – Sim. A Baixada será uma das regiões beneficiadas pelo programa. O local onde irá funcionar a unidade será anunciado diretamente pelo governador. O que podemos adiantar é que o Via Rápida da região atuará na capacitação da mão de obra nas áreas da construção civil, portuária e de petróleo e gás.  

AT – Há outros projetos voltados à qualificação profissional?

Paulo Alexandre Barbosa – Outra ação que iremos desenvolver será levar o Via Rápida para todos os restaurantes populares do Bom Prato. Vamos aproveitar a estrutura existente e capacitar profissionais para a área de alimentação. Os cursos serão oferecidos após o término do período de refeição. Na Baixada, teremos capacitação em Santos e São Vicente. E futuramente no Bom Prato da Zona Noroeste, que será a segunda unidade santista.

AT – Já existe previsão de início dos cursos?

Paulo Alexandre Barbosa – A previsão é que as primeiras turmas comecem em julho. Entre os cursos que serão oferecidos estão o de ajudante de cozinha, cozinha industrial, culinária básica, panificação artesanal, confeitaria básica, pizzaiolo e manipulação e higienização de alimentos.

AT – Também haverá incentivos aos alunos dos cursos no Bom Prato?

Paulo Alexandre Barbosa – Assim como ocorrerá nas unidades fixas do Via Rápida, os desempregados matriculados nos cursos também receberão bolsa-auxílio para se capacitar. Iremos ainda promover parcerias com a iniciativa privada para que os profissionais formados no Bom Prato sejam aproveitados na contratação de empresas. Com a realização da Copa do Mundo no Brasil haverá uma grande demanda de profissionais na área de alimentação e hotelaria. E a Baixada terá um incremento muito forte na atividade turística.

AT – O senhor está confiante de que a área de petróleo e gás gere cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos na região?

Paulo Alexandre Barbosa – Mais importante do que saber quantos empregos serão gerados é ter a consciência do perfil desses empregos e as exigências do mercado para o preenchimento das vagas. A pesquisa do IPAT revelou que grande parte dos entrevistados desconhece as profissões mais visadas. São inúmeras atividades profissionais e econômicas que serão beneficiadas pela cadeia produtiva do petróleo e pela expansão da atividade portuária.

AT – E o que está sendo feito para reverte esse quadro de desinformação?

Paulo Alexandre Barbosa – Uma das nossas primeiras ações foi verificar as demandas do setor para poder atendê-lo com cursos direcionados. Foi feito um amplo diagnóstico pela Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo – Cespeg, em uma discussão que envolveu os empresários, as prefeituras, universidades e instituições parceiras. Agora, o Centro Paula Souza, com base nesse relatório, desenvolve os projetos dos cursos do Via Rápida, Etecs e Fatecs.

AT – O  risco de importação de mão de obra está totalmente afastado?

Paulo Alexandre Barbosa – Constitucionalmente, não há meios de obrigar a contratação de moradores apenas da Baixada. Agora, se  o empresário encontrar profissionais qualificados por aqui, não se sentirá estimulado a buscar trabalhadores em outras regiões.  O importante, no momento, é focar em capacitações que supram as necessidades das empresas que vão se instalar no vácuo da Petrobras. Aliás, muitas já montaram base na Baixada e estão contratando trabalhadores locais.

AT – Quais são as atividades que podem gerar mais empregos na região?

Paulo Alexandre Barbosa – O rol de investimentos é muito amplo. Uma das atribuições da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia é fomentar a pesquisa e a inovação tecnológica para as demandas das indústrias fornecedoras de bens, materiais, peças, máquinas e equipamentos dessa cadeia produtiva. O Parque Tecnológico de Santos, que tem a Petrobras e a Usiminas como empresas-âncora, vai atrair investimentos e gerar novas empresas intensivas em conhecimento ou de base tecnológica. O projeto está vinculado a nossa secretaria, em parceria com a prefeitura e diversos parceiros. Será um dos mais importantes empreendimentos para a geração de oportunidades de emprego. É uma iniciativa estratégica para o desafio de transformar conhecimento em riqueza.

AT – Os empresários da região também serão capacitados?  

Paulo Alexandre Barbosa – Os empresários da região já estão se preparando para aproveitar as oportunidades de negócios que estão surgindo com a cadeia produtiva do petróleo. Houve um grande avanço com as reuniões organizadas pelo Prominp (Programa  de Mobilização  da Indústria de Petróleo  e Gás). Eles estão se capacitando para atuar como prestadores de serviços e fornecedores das empresas do setor. O mesmo ocorre no  setor hoteleiro, no comércio varejista, na construção civil e nos bares e restaurantes. Basta andar pelas ruas para observar o grande número de investimentos que sendo realizados.

AT – Podemos dizer que já vivemos a era do Pré-Sal ?

Paulo Alexandre Barbosa – A era do Pré-Sal já começou e avança rapidamente. Há, porém, a necessidade de se ampliar essa mobilização empresarial. É um erro pensar que só o trabalhador precisa se qualificar. A região vai receber empresários de outras regiões que vão competir diretamente e com muita força com os locais. Quem não estiver devidamente orientado e capacitado ficará em desvantagem nessa concorrência.

AT – O Governo do Estado poderá ajudar os empresários que queiram se capacitar?

Paulo Alexandre Barbosa – Temos uma  proposta de criar unidades de orientação empresarial, para mostrar as oportunidades que serão criadas não apenas pela cadeia produtiva do petróleo, mas também pelo desenvolvimento econômico da região. É um projeto ainda em estudo e que pretendemos discutir com as entidades empresariais, universidades e o Sebrae, para verificar a melhor maneira de viabilizá-lo.

AT - Para finalizar, que mensagem o senhor gostaria de deixar?

Paulo Alexandre Barbosa  – É preciso ter a consciência que a Baixada passa por um dos seus melhores momentos. A Baixada Santista é  uma das regiões mais promissoras do país para se investir e viver. As oportunidades sempre  dão um jeito de aparecer na vida daqueles  que acreditam e trabalham para um dia poder  encontrá-las.

Entrevista publicada no jornal A Tribuna (Caderno Especial Emprego - 20/5/2011)

0 comentários:

Share

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...